A Bela e a Fera é um tradicional conto de fadas francês. Originalmente escrito em
1740. Adaptada, filmada e encenada inúmeras vezes, o conto apresenta diversas
versões que diferem do original e se adaptam a diferentes culturas e momentos
sociais. O conto é infantil, nos dias de hoje, graças à Disney. Todo mundo sabe
como é a história: uma moça bonita e jovem para salvar seu pai, que já é de
idade, se coloca no lugar dele e ela que é raptada pela Fera. O que lemos
muitas vezes não faz diferença, como quando eu era criança e adorava este
conto: A bela e a fera. Que de belo não tem nada.
É romântico? Bem, desde quando ser mantida
presa numa casa, fazendo trabalhos que lhe são impostos, usar vestes e
agir como a Fera bem querer, é algo romântico? O pior de tudo é que desde cedo damos
as nossas crianças esses contos para lerem. Podemos ver de duas formas essa
obra: a forma que a Bela se apaixona por um monstro, onde ela mesmo sofrendo e
sendo impedida de ver seu pai, e sendo praticamente uma escrava, ainda vê o
lado bom e gentil de seu sequestrador. Ou podemos ver da outra forma, onde a
Bela sofre de sérios problemas. Como se apaixonar pelo seu sequestrador, o cara
que a machuca e a faz de escrava. Depois de um pouco de observação fica claro
que temos uma Síndrome de Estocolmo. Síndrome de Estocolmo é o
nome dado a um estado psicológico particular em que uma pessoa, submetida a um
tempo prolongado de intimidação, passa a ter simpatia e até mesmo sentimento de
amor ou amizade perante o seu agressor. É uma relação saudável? Me diga você.
Pois, ao meu ver além de ensinar menininhas a se comportarem como são mandadas,
serem submissas aos seus companheiros. Ah!! Quase ia me esquecendo, ver sempre
o lado bonito de uma pessoa que lhe maltrata. A história reforça o pensamento
de aceitação da agressividade masculina, afinal, ela enxerga é a “beleza interna do
agressor”.
Minha visão sobre esses livros e contos que nós
(mulheres) desde pequenas nos são impostos, mudou depois que tive um maior
conhecimento pelo movimento feminista. Aquele movimento que apenas luta por igualdade.
Não superioridade. E fiquei pasma de como não enxergava isso antes. Essa submissão que as personagens femininas são colocadas. As princesas que precisam
de um príncipe para sobreviver, ou serem felizes para sempre. Nunca li um conto
onde o Príncipe Encantado come uma maça e precisa do beijo verdadeiro para
acordar. Quer dizer, ele deve estar muito ocupado lutando batalhas, para ficar
em casa limpando a louça e aceitando frutas envenenadas de bruxas estranhas.
Não estou dizendo que de um todo a história não
presta, se souber contá-la direito. Por mais que a Fera seja o raptor da Bela,
e a obrigue a fazer coisas domésticas, seria errado negar a humanidade da fera.
O conto em si é sobre um bom rapaz que está preso no corpo de um monstro, que
não sabe o que é ser educado, ou está o tempo todo irritado. Se essa pessoa com
esses problemas encontra uma outra pessoa que a faça feliz, e o mais importante, não ser mais este monstro que é o tempo todo agressivo e não sabe amar.
Viu? De certa forma fica mais light a história. Porem, na vida real é assim tão
simples? Você quebra uma xícara e fica de castigo no quarto, na vida real você
comete um erro e é morta. Você pode ser boa para com as pessoas que precisam, o
que você não pode é ser boa e se deixar ficar. Ficar ao lado da pessoa que lhe
faz mal. Que lhe machuca. Sempre respondendo a si mesma: ele vai melhorar. Não
vai mais fazer isso. Supresa! A vida não é um conto de fadas, e nem sempre ele irá se tornar um príncipe ou, apenas um bom rapaz como VOCÊ lia quando criança.